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A evolução da comunicação e sua importância

Os meios de comunicação constituem formas ou canais para as pessoas compartilharem dados e informações, bem como para expressarem suas opiniões, pensamentos e sentimentos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Atualizado às 17:36

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

"One small step for a man, one giant leap for manking." (20.7.1969)
Neil Armstrong (1930-2012)

Conceitos, definições, teses, conferências, palavras, entrevistas, publicações e as demais manifestações de pensamento para identificar com rigor científico o fenômeno da Comunicação caracterizam um dos temas de maior relevo do conhecimento humano.

Além da infinita mobilidade e múltiplas formas e meios de expressão individual ou coletiva, corpórea ou espiritual, a Comunicação tem, na antiguidade, um passado com os mais variados sinais físicos, a exemplo da linguagem das pinturas rupestres nas cavernas. Neste sentido, é oportuna a lição do professor Raimundo Antonio de Souza Lopes,1 "Da pré à historia antiga: o caminho da comunicação. Acredita-se que a comunicação inicia quando o hominídeo do Paleolítico Interior (idade da pedra lascada)  passa a viver em pequenos agrupamentos estimulando um inter-relacionamento grupal, fomentando, portanto, a educação. Seus gritos e gestos para se fazer entender,2 levam o troglodita, homem que vive em caverna a externar intenções e indicar objetos, sendo aprimorado com a linguagem, inicialmente restrita e depois como vestimenta de ideias, transmitindo conhecimentos e criando um acervo de raízes culturais. O uso de pinturas rupestres no interior das cavernas com as quais retrata seu dia-a-dia, suas glórias, seus medos e o desconhecimento mágico religioso ou até como forma estética, leva o hominídeo do Paleolítico Superior a dar um passo inicial para, através da pictografia, criar uma sucessão de relatos coerentes, designando conceitos abstratos e idiogramas, criando, assim, as primeiras formas articuladas da escrita".3

É impossível, no espaço de um artigo, indicar um grande número de veículos e instrumentos de comunicação social, a começar pelo Egito, com o correio, utilizado para documentos e cartas; a fumaça entre os indígenas, além de outros indicativos relevantes: (a) pinturas nas cavernas, 30.000 anos antes de Cristo; (b) pombo-correio, 776 antes de Cristo: (c) primeiro jornal diário, 1650; (d) telégrafo, 1840; (e) telefone, 1902; (f) sinal de rádio, 1902; (g) transmissão via televisão,1927; (h) internet 1969; (i) word wide web, (www) 1994; (i) mensagem instantânea, 1997; (j) blogs de última geração 1999;  (k) Facebook, 2004; (i) Twitter, 2006.4        

Pode-se acrescentar ainda: (a) fax, 1985, com várias alterações, sendo a mais recente de 2005;5 (b) telex, que consistia numa rede mundial com plano de entrelaçamento com terminais únicos que poderia enviar uma mensagem escrita para qualquer outro terminal.6

Esse levantamento sobre as formas de comunicação nos períodos da pré-História, e das Idades Antiga, Média, Moderna e Contemporânea nos remete à mais impressionante conquista especial: a chegada do homem à lua e a frase de comunicação universal pronunciada por Neil Armstrong: "Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade".7

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De todos os meios de comunicação do passado até o presente não é possível ignorar a revolução copérnica com Johannes Gutemberg (1396-1468), inventor de um novo método de impressão caracterizada como a mais importante da história mundial pela possibilidade de criação do livro.8

Thomas Carlyle (1795 - 1881), escritor, ensaísta e historiador disseram muito bem: "Tudo que a humanidade tem sido feita, pensado ou lucrado, encontra-se como que magicamente preservado nas páginas dos livros". E o imortal nacionalista brasileiro, Monteiro Lobato (1882-1948), proclamou: "Um país se faz com homens e livros". A sentença do líder histórico da campanha "O petróleo é nosso", nos remete às principais obras da Literatura brasileira, que, por iniciativa luminosa do Informativo Migalhas, possibilitou, em livros de bolso de acuradas edições, que o imenso número de seus leitores tivesse conhecimento da vida, paixão e morte de escritores célebres: Joaquim Manuel de Macedo, Lima Barreto, Paulo Bomfim, Padre Antonio Vieira, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, Ruy Barbosa, Machado de Assis * Camilo Castelo Branco e Aluízio Azevedo e muitos outros.

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Os meios de comunicação constituem formas ou canais para as pessoas compartilharem dados e informações, bem como para expressarem suas opiniões, pensamentos e sentimentos.

A Constituição Federal de 1988, inovando em relação aos modelos anteriores,9 reserva, no Título VIII (da ordem social) um espaço generoso para a Comunicação Social (arts. 220-224), que compreende: (a) manifestação do pensamento; (b) criação; (c) expressão e (d) a informação, "sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição" (art. 220). Seguem-se determinações próprias do Estado Democrático de Direito, jurado pelo art. 1º da Carta Política da República Federativa do Brasil: (a) proibição de qualquer lei que possa constituir embaraço à liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social;10  (b) proibição de toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.   

Uma vez mais - e sempre - é oportuno lembrar Ruy Barbosa (1849-1923): "A  imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam ou nodoam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe interessa e se acautela do que a ameaça".11

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A internet revolucionou e ampliou as formas de comunicação. Em virtude dela, surgiram as redes sociais, que são formas virtuais para relacionamento e interação entre pessoas físicas e jurídicas.

As redes sociais caracterizam autênticos instrumentos democráticos de comunicação. Significam o conjunto de relações que ligam pessoas, grupos e organizações. O sociólogo Neil Smelzer (1930-2017) tem uma concepção dos movimentos sociais como "episódios de comportamento coletivo [que] constituem amiúde um primeiro estádio de mudança social e manifestam-se quando se apresentam condições de tensão, mas antes que os meios sociais sejam mobilizados para um ataque específico e quiçá eficaz às causas dessa tensão".12 Na rotina do dia-a-dia a principal finalidade das redes sociais é conectar pessoas e com isso propiciar a troca de informações, dados, imagens, vídeos, áudios e mensagens escritas. Algumas redes sociais mais usadas são: (a) Facebook; (b) Instagram; (c) LinkedIn; (d) Youtube; (e) Twitter; (f), Pinterest, etc.

Além das redes sociais, há também aplicativos para trocas de mensagens instantâneas. O mais conhecido é o WhatsApp. Por meio dele é possível o envio de mensagens de texto, fotos, vídeos, documentos, além da realização de chamadas de voz gratuitas. Lançado em 3.5.2009, o WhatsApp constitui hoje um fenômeno na interação e comunicação entre pessoas.  

Em relação aos serviços de streaming a conexão pela internet permite a transferência de dados, normalmente consistentes em vídeos ou áudios.13

Também é necessário lembrar que a comunicação de massa (mass media) refere-se a uma série de instituições ocupadas com a produção em grande escala e a difusão generalizada de formas simbólicas. Entre essas formas se incluem livros, jornais, revistas filmes, programas de rádio e televisão, gravações, discos laser, etc. 

Outo aspecto de grande valor consiste na manifestação corporal sem a utilização de qualquer meio ou veículo. Uma delas ocorre por libras (Língua Brasileira de Sinais) que constitui excepcional possibilidade em favor das pessoas surdas, a fim de poder participar da comunidade. Ela é expressa, geralmente, pelas mãos e braços que transmitem um assunto ou traduzem uma exposição. O exemplo comum são as versões das falas do presidente Bolsonaro.

Também é possível comunicar sentimentos e emoções pela variação da expressões faciais. São sinais de cansaço,  alegria, tristeza, ódio, amor, etc.

Finalmente é necessário voltar no tempo para identificar os estados da alma mediante a palavra oral ou escrita. A ponte de ouro entre o pensamento e a escrita; entre a geração e o termo; o conteúdo e a forma; o espírito e a criação é a palavra, o fenômeno mágico da comunicação do ser humano, assim glorificada nos versos de Simões, que estão em uma passagem de sua Poesia Reunida: "É preciso, portanto que eu invente, / como quem executa uma alquimia, / as palavras, o sangue do poema". Em outra fonte ("Da palavra à literatura") a transcendente percepção de JMS indaga: "Acaso não é a palavra que nomeia, identifica, rotula, ordena, integra, define e hierarquiza o mundo? Não é ela que, de certa maneira, o ilumina e o transfigura?" E Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) responde em A paixão medida: "Já não quero dicionários / consultados em vão. / Quero só a palavra / que nunca estará neles / nem se pode inventar. / Que resumiria o mundo / e o substituiria. / Mais sol do que o sol, / dentro da qual vivêssemos / todos em comunhão, / mudos, / saboreando-a."

A simbiose entre a alma e o corpo da produção literária, artística e científica foi muito bem identificada por Molière (1622-1673) ao reconhecer que "a palavra foi dada ao homem para explicar seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma nossas palavras são retratos de nossos pensamentos".

Mas é certamente nas Memórias do subsolo, a novela-monólogo de Dostoiévski (1821-1881) que a palavra rompe a lei de gravidade entre o autor e o texto porque, como ele mesmo avisou, iria apresentar um personagem "inventado". No prefácio para a edição em português, o tradutor Boris Schnaiderman observa que a palavra constrói "aquela subjetividade agressiva e torturada do narrador-personagem, o seu discurso alucinado, sua veemência desordenada, o fluxo contínuo de sua fala, que parece estar transbordando, pode ser ouvido por trás da obra de muitos escritores da modernidade".

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Souza Lopes, Raimundo de. Graduado na disciplina de Comunicação Social e habilitado em Jornalismo pela Universidade do Rio Grande do Norte.
2 O filme 2001-Uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick (1968) inicia com a "Aurora do Homem" mostrando macacos com gestos, gritos e violências.
3 Recando das Letras

4 Meio de comunicação ao longo da história
5 Kaspersky 
6 Wiki

7 O lançamento da Eagle ocorreu em 16 de julho para um percurso de 380 mil quilômetros.
8 A Bíblia de Gutenberg surgiu em 1455 com uma prensa de tipos metálicos moveis. Há, porém, registros de que os primeiros "livros" foram produzidos em 3.200 a.C, na Mesopotâmia pelo povo sumério quando este começou a "escrever em tabletes".
9 1824, 1891, 1934, 1937,1946, 1967 e 1969.
10 Observadas as disposições do art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
11 Conferência escrita em 1920 para chamar a atenção dos meios de comunicação e contribuir com os serviços de assistência social e educacional, publicada em A imprensa e o dever da verdade, São Paulo: Editora Papagaio, 2004, p. 32/33.
12 Bobbio, Norberto et alii, Ob.cit., p. 788.
13 Stream em inglês significa "corrente ou fluxo de água" e a ideia é justamente a transmissão ou o fluxo de dados por meio da conexão pela internet.  Hoje têm sido muito comum o envio de filmes ou de música online em tempo real (live streaming), sem a necessidade de fazer o prévio download de todo o arquivo para depois poder ouvir ou assistir.  A Netflix, por exemplo, tornou-se um dos maiores sucessos nos serviços de streaming. Ela permite atualmente que as pessoas adquiram assinaturas pagas de serviços de vídeo (chamados videos on demand).

               

René Ariel Dotti

René Ariel Dotti

Advogado do Escritório Professor René Dotti.

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