Nos últimos tempos, o surgimento de novas ferramentas de inteligência artificial generativa, que criam imagens de pessoas com extrema perfeição e facilidade, provocou um intenso debate sobre a ameaça a carreiras consolidadas, como a de fotógrafos e editores. Essa discussão nos leva a transportar o mesmo questionamento para o ramo do Direito. E se tecnologias similares fossem aplicadas à prática jurídica? Na realidade, este não é um cenário futurista. Plataformas de automação capazes de redigir uma petição em minutos com apenas alguns cliques já existem há tempos. Com isso, uma dúvida crucial se impõe ao jovem advogado: a tecnologia representa uma força para suprimir oportunidades ou para criar novas frentes de atuação?
É natural que os recém-formados encarem com receio as ferramentas que redigem petições, analisam jurisprudência e até elaboram contratos em segundos. Afinal, se um programa consegue fazer em minutos o que um estagiário levaria horas, por que contratar o iniciante
Oportunidade disfarçada
Em contrapartida, a mesma tecnologia que gera incertezas também atua como um catalisador de oportunidades. Softwares de jurimetria, gestão de prazos e inteligência artificial nivelam o campo de atuação, permitindo que o advogado iniciante se concentre nos pilares da profissão, que são, por natureza, analíticos e humanos: a estratégia processual, o pensamento crítico e a indispensável conexão com o cliente
A advocacia que algoritmo nenhum pode replicar
Afinal, nenhum código é capaz de replicar as qualidades intrinsecamente humanas que definem a boa advocacia. A tecnologia pode padronizar tarefas e compilar dados, mas jamais substituirá a sensibilidade de compreender a dor de um cliente, a astúcia de um negociador ou a criatividade para formular uma tese jurídica disruptiva. A essência da advocacia - empatia, retórica e ética - não é programável.
Conclusão
A tecnologia não é inimiga do advogado iniciante. Pelo contrário: quem aprender a dominá-la terá vantagem sobre os que a rejeitam. A disputa não é entre homem e máquina, mas entre profissionais que se adaptam e os que ficam para trás. A advocacia do futuro - que já é presente - será híbrida: feita por pessoas que sabem usar a tecnologia como extensão da própria inteligência.