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Cotas raciais são medidas “emergenciais, paliativas e indispensáveis”, defende ministro Barroso

Veja os melhores momentos do webinar "Vidas negras importam" realizado por Migalhas nesta segunda-feira, 27.

28/7/2020

Nesta segunda-feira, 27, Migalhas realizou o importante webinar “Vidas negras importam”, com a participação do ministro do STF e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso; da ombudsman da Folha de S.Paulo, Flavia Lima; e do reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente.

Veja abaixo os melhores momentos do seminário virtual.

Ações indispensáveis

Iniciando o debate, o ministro Barroso ressaltou que não temos humanismo racial brasileiro e existe, infelizmente, uma prática de racismo estrutural e institucional que precisa ser enfrentada.

De acordo com dados trazidos por S. Exa., dos 10% da população mais pobre, 72% são negros. Nas favelas, 66% dos domicílios são chefiados por pessoas negras.

Sobre as cotas raciais, o ministro defendeu que elas são “uma medida emergencial, paliativa, mas indispensáveis”. Entretanto, segundo Barroso, a melhor ação afirmativa é ensino público de qualidade desde a primeira idade.

S. Exa. acredita e defende a política de ações afirmativas, primeiramente, por uma questão de reparação histórica do estigma social e moral representado pela escravidão e depois pela abolição da escravidão sem a mínima integração social das pessoas negras.

“Em segundo lugar, pelo reconhecimento do racismo estrutural na sociedade brasileira que negou oportunidades e ascensão social às pessoas negras.”

Por último, Barroso destacou a importância simbólica e real de se ter pessoas negras em posição de destaque e liderança, seja no setor público ou na iniciativa privada.

O presidente do TSE sustentou ainda que “o problema do preconceito é que ele é de mão dupla. Ele tem o problema de quem o pratica e ele tem o problema de quem o aceita”.

“Você precisa empoderar as pessoas para que elas não aceitem o preconceito, para que elas não aceitem ser tratadas de maneira inferior.”

“Imprensa racista”

Flavia Lima iniciou sua fala sustentando que fazemos parte de uma sociedade racista, ou seja, fundada em instituições e leis que, a princípio, não se preocuparam com a inclusão de uma população marginalizada.

“A imprensa, por ser um reflexo dessa sociedade, também é racista.”

A ombudsman da Folha de S.Paulo defendeu ainda que os negros “não existem” nos noticiários.

“Não somos políticos, profissionais liberais, estudantes, mães, avós, consumidores, intelectuais. Nas reportagens, não somos vistos como personagens do dia a dia, e ouvidos muito pouco como fontes pelos jornalistas.”

Para Flavia, há pouquíssimos negros produzindo conteúdo e decidindo os rumos das redações, tanto dos principais jornais e TVs, quanto de portais de notícias independentes - a chamada mídia alternativa.

“Falar em racismo estrutural não está apenas na moda. Entender que as nossas relações, as nossas instituições, e toda nossa sociedade foi fundada em privilégios voltados para a população branca é fundamental para entender a sociedade em que a gente vive.”

“Quero respirar”

José Vicente, por sua vez, explicou o movimento AR – eu quero respirar – vidas negras importam”. Segundo o reitor, é uma tentativa adicional de buscarmos forças para tentar, uma vez mais, dar um salto qualitativo nesse tema.

“Nossa democracia racial e o nosso Estado Democrático de Direito sempre se apresentou de ponta cabeça.”

Assista ao webinar na íntegra:

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