Migalhas Quentes

"Profunda surpresa": Ajufe critica decisão que afastou magistrados da Lava Jato

Associação pede que plenário do CNJ reforme decisão monocrática do corregedor Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão.

15/4/2024

Nesta segunda-feira, 15, a Ajufe – Associação dos Juízes Federais do Brasil emitiu nota manifestando surpresa quanto à decisão do corregedor Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, de afastar do Judiciário a ex-titular da 13ª vara de Curitiba/PR, Gabriela Hardt e três magistrados que atuam no TRF da 4ª região. 

A decisão monocrática, que será colocada para ratificação na sessão plenária do CNJ desta terça-feira, 16, foi criticada pela Ajufe, a qual manifestou "profunda surpresa" com a notícia, afirmando que o afastamento cautelar reclamaria motivos de natureza extremamente grave e contemporâneos aos fatos, o que não ocorreria nos casos. 

Ademais, afirmou incabível o afastamento pela via monocrática, defendendo a competência do plenário do CNJ para deliberar acerca da questão. Ao final, a associação pugnou que o plenário não mantenha a decisão do Corregedor.

Em nota, Ajufe criticou afastamento, por decisão monocrática, de magistrados que atuaram na Lava Jato.(Imagem: Lucas Pricken/STJ)

Afastamento da magistrada

Nesta manhã, o corregedor Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, afastou cautelarmente a juíza Federal Gabriela Hardt no âmbito de correição instaurada para verificar o funcionamento da 13ª vara de Curitiba/PR durante a operação Lava Jato.

Segundo o corregedor, o relatório da correição identificou irregularidades e ilegalidades nos fluxos de trabalho desenvolvidos durante investigações e ações penais que compuseram a Lava Jato, especialmente no que se refere aos mecanismos de controle e prestação de contas referentes aos repasses de valores depositados em contas judiciais à Petrobras, decorrentes dos acordos de colaboração premiada e de leniência.

"Os atos atribuídos à magistrada Gabriela Hardt, além de recair, em tese, como tipos penais - peculato-desvio (artigo 312 do Código Penal), com possíveis desdobramentos criminais interdependentes, prevaricação (artigo 319 do Código Penal), corrupção privilegiada (art. 317, § 2º, do Código Penal) ou corrupção passiva (artigo 317, caput, do Código Penal) -, também se amoldam a infrações administrativas graves, constituindo fortes indícios de faltas disciplinares e violações a deveres funcionais da magistrada."

O relatório da correição apontou que a decisão da magistrada foi baseada exclusivamente em informações incompletas e até mesmo informais, fornecidas fora dos autos e sem qualquer registro processual, dos procuradores da força-tarefa, sem qualquer tipo de contraditório ou intimação da União Federal.

Veja a decisão.

Afastamento de magistrados

Na mesma oportunidade, Luis Felipe Salomão afastou cautelarmente três magistrados do TRF da 4ª região: os desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores De Lima, e o juiz Federal Danilo Pereira Júnior, todos atuantes na 8ª turma do Tribunal.

O caso envolve o julgamento de exceção de suspeição criminal contra o juiz Eduardo Appio, que atuou na 13ª vara Federal de Curitiba. Ao julgar o juiz, os magistrados teriam descumprido ordem da Suprema Corte, por impulsionar processos que estavam suspensos, e utilizado prova declarada inválida pelo STF, "causando especial gravame aos réus investigados".

Além disso, o ministro Salomão apontou a participação, no julgamento de Appio, de desembargador que já se declarara impedido em outros processos da Lava Jato, e que foram atingidos com a anulação das decisões do juiz.

"Depreende-se que a conduta dos ora reclamados não é fruto de simples falta de zelo na prestação jurisdicional, havendo os indícios, por sua vez, da prática de 'bypass processual', há muito reconhecida pela doutrina e jurisprudência como técnica censurável de se burlar as decisões do STF."

Ante a necessidade de resguardo da ordem pública, e violação aos deveres funcionais inerentes à magistratura, os três foram afastados. 

Leia a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

CNJ: Salomão afasta Thompson Flores e outros dois magistrados do TRF-4

15/4/2024
Migalhas Quentes

Corregedor afasta cautelarmente juíza Federal Gabriela Hardt

15/4/2024
Migalhas Quentes

Gabriela Hardt terá de explicar ao CNJ conduta em acusação contra Moro

18/7/2023
Migalhas Quentes

Juiz da Lava Jato vê “associação” de Gabriela Hardt com procuradores

28/3/2023
Migalhas Quentes

Ministro anula decisões de Gabriela Hardt, juíza substituta de Moro

3/5/2022

Notícias Mais Lidas

STJ absolve homem preso há 12 anos por estupros que não cometeu

14/5/2024

Moraes vota por invalidar quatro dispositivos da lei de improbidade

15/5/2024

Moraes critica juízes que negam recursos de réus absolvidos por falta de provas

15/5/2024

Sem juridiquês: CJF lança guia para textos jurídicos mais acessíveis

14/5/2024

Estupro de vulneráveis: legislação é aprimorada, mas número de casos aumenta

14/5/2024

Artigos Mais Lidos

As mensagens enviadas por WhatsApp após o horário de trabalho podem configurar horas extras?

15/5/2024

A legalidade da cobrança de dívida prescrita no Brasil: Uma análise jurídica e a atuação do direito bancário no combate à advocacia predatória nesses casos

16/5/2024

A obrigatoriedade de cobertura frente ao futuro da saúde e o avanço do Judiciário

16/5/2024

Primeiras impressões do provimento 161/24 do CNJ

16/5/2024

Compliance: Uma resolução atual para os problemas das mais diversas instituições

15/5/2024