Migalhas Quentes

TRF-2 anula marca que usava listras semelhantes às da Adidas em calçados

Turma reconheceu risco de confusão ao consumidor e fixou multa de R$ 10 mil por descumprimento.

30/9/2025

O TRF da 2ª região decidiu anular o registro de marca de empresa de calçados que fabricava produtos com desenho semelhante às conhecidas três listras da Adidas. A 1ª turma afirmou que a proximidade visual entre os sinais poderia induzir o consumidor a erro e comprometer a proteção da marca.

Na ação, a Adidas alegou que a marca registrada em 2022 pelo INPI para outra empresa do setor era quase idêntica às suas, distinguindo-se apenas pelo acréscimo de uma listra. Segundo a companhia, a semelhança poderia gerar associação indevida e confusão no mercado de vestuário e calçados.

A defesa da empresa ré afirmou que listras constituem elemento comum e de baixa distintividade, não sendo possível impedir seu uso por outras marcas.

TRF-2 anulou registro de marca de calçados por semelhança com a identidade visual da Adidas.(Imagem: Reprodução/Redes sociais)

O relator do caso, desembargador Macario Ramos Judice Neto, destacou que a marca da Adidas, utilizada desde 1949, adquiriu ao longo dos anos significação secundária (secondary meaning), tornando-se amplamente reconhecida mundialmente. 

“Fica evidente que o principal propósito do uso da marca pelo apelado é induzir o consumidor ao erro, levando-o a crer, ainda que de forma inconsciente ou desatenta, que está adquirindo um produto da marca Adidas, quando, na realidade, trata-se de item fabricado por empresa distinta.”

O relator ressaltou ainda que o INPI já havia indeferido pedidos de registros semelhantes, o que reforça o caráter distintivo das três listras da Adidas. 

“O simples acréscimo de mais uma listra na marca figurativa do apelado não representa um elemento adicional distintivo suficiente para afastar a possibilidade de confusão visual.”

O voto também lembrou que, desde 2017, a marca da Adidas possui o status de alto renome, o que amplia sua proteção no mercado e impede a convivência com sinais semelhantes em qualquer ramo de atividade. 

O desembargador frisou que a jurisprudência do STJ admite a nulidade de registros mesmo sem prova de engano efetivo, bastando a mera possibilidade de confusão para caracterizar a infração.

Além disso, a decisão trouxe exemplos de outros pedidos de registro indeferidos pelo INPI em razão da proximidade com as três listras, demonstrando que o entendimento técnico-administrativo já consolidava a proteção ampliada do sinal. 

Para o relator, isso confirma que a coexistência das marcas poderia comprometer a identificação correta da procedência dos produtos.

Ao final, a 1ª turma reformou a sentença de 1ª instância, declarou a nulidade do registro e determinou a abstenção de uso da marca, fixando multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Leia o voto e o acórdão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Justiça veta uso da marca Pycnogenol por farmácias de manipulação

29/9/2025
Migalhas Quentes

INPI reconhece “Fusca” como marca de alto renome no Brasil

26/8/2025
Migalhas Quentes

“Casa das Cores”: Marca registrada é anulada após TJ/MS reconhecer uso anterior

31/7/2025

Notícias Mais Lidas

STF derruba cotas que favoreciam alunos locais no ensino superior

2/12/2025

Morre Ary Oswaldo Mattos Filho

2/12/2025

STJ cancela sessões em razão do velório da ministra Assusete Magalhães

2/12/2025

STF: Partido questiona regras que reduzem dever de indenizar de aéreas

2/12/2025

Marcio Garcia terá de responder por dívida de aluguel de R$ 1,5 milhão

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Autonomia patrimonial e seus limites: A desconsideração da personalidade jurídica nas holdings familiares

2/12/2025

Pirataria de sementes e o desafio da proteção tecnológica

2/12/2025

Você acha que é gordura? Pode ser lipedema - e não é estético

2/12/2025

Tem alguém assistindo? O que o relatório anual da Netflix mostra sobre comportamento da audiência para a comunicação jurídica

2/12/2025

Frankenstein - o que a ficção revela sobre a Bioética

2/12/2025