Migalhas Quentes

Quem pagará a conta da destruição nos três Poderes? Professor explica

Carlos Ari Sundfeld diz que União terá de arcar com os gastos imediatos das reparações e, portanto, o dinheiro sairá da população que paga impostos.

9/1/2023

Destruição. Foi tudo o que se viu na tarde de ontem no ataque aos prédios públicos em que estão as sedes dos três Poderes. Não restou nada. Vidraças, portas, armários, móveis, vitrines, janelas, obras, galerias e eletrônicos foram esfacelados.

Os gastos são incalculáveis, pois muitos itens depredados possuem, além de alto valor monetário, grande valor histórico. Afinal, quem vai pagar a conta destas avarias?

Migalhas conversou com o professor Carlos Ari Sundfeld, um dos fundadores da FGV Direito SP. Segundo ele, os prédios públicos são unidades da União Federal que possuem seu próprio orçamento e vão ter que fazer os reparos baseado nele.

O orçamento, eventualmente, terá de ser suplementado por novas verbas devido à despesa imprevista.

"Vão ter que fazer o reparo mais emergente e haverá reparos mais demorados, como a restauração de obras de arte, por exemplo. É a União quem vai arcar com ônus de imediato da reparação. Não tem como eles deixarem de fazer isso com suas próprias forças e orçamentos. E depois, claro, que podem tentar cobrar os danos dos autores do crime."

Indenização

Para o advogado, os vândalos poderão ser condenados a indenizar dentro do próprio processo penal ou em separado. Contudo, o professor acredita que será muito difícil cobrar a indenização.

"É uma multidão de pessoas. As pessoas possivelmente são recrutadas justamente por estarem no extrato da população mais sem recursos. Portanto dificilmente terão patrimônio para pagar nada disso, mesmo que seja como indenização. Então isso vai acabar onerando os cofres da União e, portanto, o bolso da população que paga impostos."

Carlos Ari explica que o STF, por exemplo, não tem no orçamento dele, que é todo comprometido com o dia a dia, recursos para reconstruir o que foi destruído.

"O Plenário foi completamente destruído e precisa ser reconstruído. Os danos foram importantes se considerado o orçamento do Supremo. O orçamento vai ter que ser reforçado para poder fazer isso, inclusive emergencialmente."

Estragos causados por invasores no Palácio do Planalto.(Imagem: Gabriela Biló/Folhapress)

Danos irreparáveis

O professor ainda cita que há danos irreparáveis e destruição de obras e itens históricos que tem um alto custo para restaurar. "O orçamento público terá de arcar com isso", finaliza.

Os vândalos que invadiram os prédios públicos destruíram parte importante do acervo artístico e arquitetônico ali reunido e que representa um capítulo importante da história nacional.

Ainda não é possível ter um levantamento minucioso de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo do Palácio do Planalto:

O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, diz que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas, mas estima como "muito difícil" a restauração do Relógio de Balthazar Martinot.

"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", comenta Carvalho.

"Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro."

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