A Polícia Federal realizou, na terça-feira, 30, a acareação entre o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do BRB - Banco de Brasília, Paulo Henrique Costa, após identificar contradições nos depoimentos prestados por ambos ao longo do dia.
As oitivas, que duraram quase sete horas, ocorreram na sede do STF e foram conduzidas pela delegada da PF Janaína Palazzo. Um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli, relator do caso no Supremo, acompanhou todo o procedimento, assim como um representante do Ministério Público.
Os depoimentos começaram por volta das 14h e se estenderam por quase sete horas. Daniel Vorcaro foi o primeiro a ser ouvido e falou por cerca de três horas. Em seguida, por volta das 17h30, foi a vez de Paulo Henrique Costa, que prestou depoimento por aproximadamente duas horas.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, foi ouvido na sequência, até por volta das 21h, mas acabou dispensado da acareação.
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A acareação teve como objetivo confrontar versões divergentes apresentadas por Vorcaro e Costa sobre as negociações envolvendo o Banco Master e o BRB. Ambos participaram diretamente das tratativas para a venda da instituição privada ao banco público do Distrito Federal.
Relembre
A investigação começou em 2024, no contexto da Operação Compliance Zero. Para a PF, o Banco Master não teria caixa para quitar títulos com vencimento em 2025.
Na apuração, consta que a instituição comprou créditos da empresa Tirreno sem pagar e depois repassou esses ativos ao BRB, em uma operação estimada em cerca de R$ 12 bilhões.
Em novembro deste ano, o Banco Central rejeitou a operação de compra do Banco Master pelo BRB e decretou a liquidação da instituição financeira. A decisão foi justificada, entre outros pontos, pela falta de liquidez e pela incapacidade de o banco cumprir seus compromissos financeiros.
No curso das investigações, Daniel Vorcaro chegou a ser preso, mas sua prisão foi convertida em medidas cautelares.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, não é investigado no caso. De acordo com a apuração, ele analisou, por dever técnico, diferentes alternativas para o Banco Master, incluindo aporte de recursos, mudança na diretoria, venda da instituição e, por fim, a liquidação.
Como as alternativas anteriores não avançaram, a Diretoria de Fiscalização recomendou a liquidação do banco. A venda ao BRB foi vetada pela Diretoria de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, comandada por Renato Gomes.
Antes de ser demitido do comando do BRB, após o avanço das investigações da PF sobre fraudes bancárias, Paulo Henrique Costa defendia a aquisição do Banco Master como saída para a crise enfrentada pela instituição privada.
Competência do STF e elevação do sigilo
No início deste mês, o ministro Dias Toffoli determinou que a investigação passasse a tramitar no STF, e não mais na Justiça Federal em Brasília/DF, após a citação do deputado Federal João Carlos Bacelar nas apurações, em razão do foro por prerrogativa de função.
Toffoli ainda determinou a elevação do grau de sigilo. O processo, que tramitava em segredo de Justiça, passou a ser classificado como sigiloso, nível máximo de restrição previsto pelo tribunal.
Os próximos passos da investigação serão definidos pelo ministro.