Migalhas Quentes

STF julga validade de lei do Tocantins sobre custas judiciais

Ministro Ricardo Lewandowski, relator, concluiu pela constitucionalidade da norma.

6/9/2022

O STF começou a analisar, em plenário virtual, ação que questiona constitucionalidade de lei do Estado do Tocantins que dispõe sobre custas judiciais. 

O relator, ministro Ricardo Lewandowski, votou pela validade da norma. Até o momento, a ministra Cármen Lúcia e os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes acompanharam o entendimento.

O julgamento tem data prevista para término em 13 de setembro.

O caso

No STF, a OAB questionou a constitucionalidade da lei 1.286/01, do Estado do Tocantins, que dispõe sobre custas judiciais e emolumentos cobrados pelo judiciário estadual. 

Segundo Rubens Approbato, presidente da Ordem à época do ajuizamento da ação, "a lei impugnada quer para as custas judiciais, quer para os emolumentos, elege bases de cálculo que nenhuma relação tem com os serviços realizados". As bases de cálculo ofenderiam a Constituição em seus arts. 145, II e 154, inciso I.

"Isso porque o serviço realizado pelo Estado (seja ele remunerado por custas ou emolumentos) não se torna mais ou menos oneroso segundo o valor envolvido, mas sim segundo o número de atos realizados pelos agentes públicos", acrescentou Approbato.

Outro argumento apresentado pela OAB é de que a lei viola o art. 5º, inciso XXXV, da CF/88, pois os valores cobrados referentes às custas e emolumentos seriam muito altos, o que restringiria o acesso da população ao Judiciário.

Narraram, ainda, que legislação usurpa a competência da União para legislar sobre normas gerais de emolumentos das serventias extrajudiciais relativas a serviços notariais e de registro, conforme estabelece o art. 236, § 2º da CF/88.

STF começa a julgar validade de lei de Tocantins sobre custas judiciais.(Imagem: Freepik)

Custo da atividade

Ao votar, o ministro Ricardo Lewandowski, relator, relembrou decisão do Supremo sobre matéria idêntica. Na ocasião, o plenário concluiu pela possibilidade de admitir-se o cálculo das custas judiciais com base no valor da causa, desde que mantida razoável a correlação com o custo da atividade e que definidos os valores mínimo e máximo para a cobrança a título de custas judiciais.

No tocante à alegação de que os valores das custas e dos emolumentos se encontram demasiadamente elevados, o ministro pontuou que é impossível avaliar às custas de modo homogêneo, “porque uma mesma causa, no mesmo lugar, pode, com valores iguais, ter durações diferentes e custos diferenciados”.

No mais, o relator destacou que a lei permite ao juiz, em cada caso concreto, verificar a necessidade da concessão dos benefícios da justiça gratuita e, consequentemente, da isenção do pagamento de custas judiciais, o que afasta a alegação de óbice à prestação jurisdicional e ao acesso à Justiça.

Nesse sentido, votou pela improcedência da ação.

Até o momento, a ministra Cármen Lúcia e os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes acompanharam o entendimento. 

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STJ atualiza tabela de custas judiciais a partir de 1º de fevereiro

31/1/2022
Migalhas Quentes

Projeto do TJ/SP visa aumentar custas processuais

11/11/2021

Notícias Mais Lidas

União indenizará mulher incluída por engano em processo trabalhista

2/12/2025

Ministro retira processo de pauta após advogada apontar falha em voto

2/12/2025

Juíza aponta falta de acolhimento a jovem morto por leoa em João Pessoa

2/12/2025

Dias Toffoli impõe sigilo absoluto ao pedido da defesa de Vorcaro no STF

2/12/2025

Caso Narcisa e Boninho reacende o debate sobre abandono afetivo

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025

ADPF do aborto - O poder de legislar é exclusivamente do Congresso Nacional

2/12/2025