domingo, 7 de dezembro de 2025

Arquivo do semana 07/11 à 13/11 de 2016

9
nov.quarta-feira
PILULAS

A mídia dá como se fosse uma surpresa a vitória de Trump. Isso é uma mentira. Era mais a demonstração do interesse do que um retrato da realidade. Tal se dava porque a imprensa ianque, no geral, idolatrava Obama. E como não gostar de um presidente como ele... A mídia nacional, papagaiava o que via, sem sopesar nada. Algo como "NYTimes é nosso pastor e nada nos faltará..." No entanto, era preciso ver a coisa com outros olhos. Siga adiante. Trump - Motivos Um analista migalheiro já tinha observado que a chance de vitória do Trump era muito grande. Segundo ele, o resultado revela mais um retrato da distorção do sistema eleitoral americano do que do eleitorado em si. De fato, como o voto não é obrigatório, e a abstenção chega a 50%, ganharia aquele que conseguisse levar o eleitor às urnas. Considerando que o país é tradicionalmente dividido em 40% democratas e 40% republicanos, as disputas anteriores se basearam em buscar os 20% que oscilam, ora com um, ora com outro. Trump não. Ele foi por outro caminho : focou sua campanha nos republicanos convictos, deixando de lado o eleitor médio. Com isso, apostou no fraco apelo de Hillary perante os próprios democratas. Por isso, quando as pesquisas mostravam (e não estavam erradas) Clinton um pouco à frente (2 a 3%) em alguns Estados, a vitória de Trump era certeira, porque os eleitores dele estavam mais "mexidos" para ir votar. Os dela, por outro lado, eram pusilânimes. Como se vê, tudo não passou de tática de campanha. E deu certo. Veja como ficou a divisão dos Estados. Trump - Divisão Os Estados mais ricos dos EUA, NY e Califórnia, votaram em Hillary. Os mais "pobres", excetuam-se os abastados Texas e Flórida, ficaram com a direita. Trump - Self made man Ninguém se engane. Embora Trump tenha esse jeito canastrão, não é bobo. Tem maioria no Senado e vai saber governar. Evidentemente que de maneira diferente de Obama. Mas depois que atravessarmos oito anos de Bush, não vai ser um Trump qualquer que vai acabar com o mundo. Trump - Análise Francisco Petros analisa a vitória de Trump. Para ele, não devemos minimizar "o que ocorreu na Democracia da América". Direto da Redação Trimmm... trimmm... No parque gráfico migalheiro o som ressoava nesta madrugada. Era o telefone vermelho da alta Direção, cujo número só cinco pessoas têm no planeta. Do outro lado da linha, Mr. Obama. Foi uma conversa breve, na qual justificou a derrota ao amado Diretor deste nosso poderoso rotativo. Ato contínuo, o aparelho novamente pôde ser ouvido. A madrugada estava agitada. Desta vez, Mr. Trump. Depois de longa conversa, nosso amantíssimo líder desligou, não sem antes fazer diversas admoestações para que ele não brincasse com os botões nucleares. "Não mexa nessas coisas." Virada suprema Além de perder as eleições presidenciais, os liberais também perderam a chance de preencher a vaga na Suprema Corte dos EUA, aberta desde a morte do juiz Antonin Scalia, ícone do conservadorismo, em fevereiro deste ano. A nona cadeira no tribunal está vaga há quase 270 dias, segundo período mais longo da história, e a composição da Corte dividida : quatro liberais contra quatro conservadores. Obama até chegou a indicar um juiz de perfil moderado, em março, mas a oposição republicana, maioria no Congresso, logo se voltou contra a decisão e se recusou a discutir e votar a indicação. Com a eleição de Trump, a balança deve pender para o lado dos conservadores. Observe-se ainda que há três juízes com mais de 78 anos que podem deixar a Corte ainda no mandato do Republicano. Obra inacabada Quem visita o Capitólio, em DC, encontra uma interessante escultura em mármore feita pelas mãos da feminista Sarah Adeline Johnson. Na obra, são retratados os bustos de três líderes do movimento do sufrágio feminino (Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony e Lucretia Mott). Há também um quarto busto, não esculpido, a indicar as mulheres anônimas. Há, no entanto, uma lenda segundo a qual o lugar estaria reservado para a primeira mulher a ser eleita presidente dos EUA. Pelo visto, lenda ou não, a escultura continuará pelos próximos quatro anos intocável. Machismo ianque Sobre a escultura da nota acima, ela foi entregue em 1921, não foi sem muita controvérsia. O Congresso aceitou o presente com indisfarçável má vontade. Antes da inauguração, o Congresso ordenou que a inscrição original na escultura fosse caiada, removendo os dizeres "Homens, seus direitos e nada mais. Mulheres, seus direitos e nada menos". Depois de inaugurada, ela foi transferida para o porão do prédio, onde sopitou por sete décadas. Apenas em 1996 ela foi resgatada e voltou ao salão central. Trump - Memes Hoje vai ser uma invasão de memes na internet. Veja alguns.

11
nov.sexta-feira
PILULAS

"Agora Santo Cristo era bandido, destemido e temido no DF. Não tinha nenhum medo de polícia, capitão ou traficante, playboy ou general. Foi quando conheceu uma menina e de todos os seus pecados ele se arrependeu..." "Maria Lúcia era uma menina linda..." Assim como em Faroeste Caboclo - história do nascimento de um bandido na capital Federal -, a Odebrecht tem uma personagem que motiva a "redenção" dos protagonistas: Maria Lúcia. Funcionária da empresa por quase 40 anos em Salvador, é ela a secretária que se tornou testemunha bomba. Depois de fazer acordo com a força-tarefa, desmontou a empreiteira apresentando o Setor de Operações Estruturadas. Lava Jato - Essa Lava Jato é boa demais. - Realmente, esses meninos estão passando o Brasil a limpo. - Estão inaugurando uma nova ética. Que ética será esta que o povo imagina que a Lava Jato está criando ? Estará ela acima do bem e do mal? Em Curitiba, diante do monumental trabalho, montou-se um esquema para PF, MPF e juiz. E por que não se faz isso nas instâncias que têm processos originários advindos desta mesma operação? E falamos especificamente quanto ao Supremo. Se o processo é merecedor desse esforço "lá embaixo", por que não em cima? Sem montar uma força-tarefa no Supremo, vamos ficar assistindo a essa distorção de números. Empresários, lobistas e políticos sem mandato estão presos e condenados, enquanto os grandes culpados estão nos jornais todos os dias, pautando a vida do país. É bem o momento de explicar o que se disse no parágrafo anterior, que "os grandes culpados" estão por aí. De fato, achar que os responsáveis por isso são os empresários é uma bobagem. O empresário quer ganhar dinheiro, mercado e engolir a concorrência. Se pratica corrupção, deve ser punido. Mas sejamos inteligentes, se ele corrompeu, alguém foi corrompido. Estes estão nos jornais de hoje, soltinhos da silva. Nestes dias, ouve-se que a Odebrecht está ultimando sua delação. Ao final, o feito seguirá para as mãos do ministro Teori que analisará e, sendo o caso, homologará. E depois? Teori irá esmigalhar a delação mandando um pedaço pra cada jurisdição? O correto não seria manter tudo com o juiz Sérgio Moro, criando-se uma nova força-tarefa para esse novo monumental processo de investigação que vai se abrir? Se se mantiver os processos com o juiz Moro, o que parece mais lógico, é preciso que se pare com a ideia de que ele não possa ser criticado. Por exemplo, as instâncias superiores não podem simplesmente dizer amém ao que se faz em Curitiba. Conquanto se vislumbre boas intenções na força-tarefa, não se pode fechar os olhos para os equívocos que acontecem. Não é crível que o STJ não tenha nenhuma divergência em relação ao que se decide. Analisando-se os 145 processos que passaram por lá, vê-se que não houve uma migalha de modificação sequer. O STF fez várias modificações de pedidos que passaram incólumes no STJ. Ou seja, direito havia. Ao contrário do que reiteradamente se professa Brasil afora pelos próprios integrantes, no caso da 5a turma, é forçoso convir que ali é julgamento de passagem. O recurso é carimbado: "siga-se para o STF". Ora, para ser uma Corte de precedentes, que é o que se espera, é preciso enfrentar os temas, e não deixar as questões infraconstitucionais para as mãos do Supremo. E, como é bem de ver, CP, CPP e lei de execuções penais são atribuições do valoroso Tribunal da Cidadania. Mas há mais. É preciso debater a seletividade do juiz Moro. Como exemplo, veja-se o caso do mais recente investigado, Mariano Marcondes Ferraz. Foi preso e inusitadamente o juiz marcou uma audiência de custódia, onde fixou a fiança. Quando ela foi paga, tudo fez sentido. Quem arcou com os milhões foi o dono do Ibope, cunhado do preso. conduções coercitivas174 prisões temporárias92 prisões preventivas77 delações premiadas 70 condenados Pelos dados acima, a pergunta é: quantas conduções coercitivas e quantas prisões foram feitas sem nenhuma necessidade? Sem nenhum risco à ação penal, sem nenhum risco de fuga? Antigamente a regra era responder ao processo em liberdade. Ainda em relação às prisões, que história é essa de mandado sair em um dia e a PF cumprir quando acha conveniente, podendo ser um mês depois? Antigamente "mandado" significava "ordem", era um mandamento. Agora a coisa fica ao alvedrio da autoridade policial. Feitos estes apontamentos construtivos quanto ao juiz e à PF, falemos do MPF. Entre os procuradores que integram a força-tarefa, há o doutor Diogo Castor de Mattos. Até aí tudo bem, não fosse o fato de que este mesmo patronímico é o de um advogado de alguns réus na mesma operação onde atua o procurador da República. Com efeito, o advogado Rodrigo Castor de Mattos pode ser encontrado em alguns processos perante a 13ª vara Federal de Curitiba. Isso, ao arrepio do que ensina o CPP em seu arts. 258 e 252, I. E nem se venha dizer que no específico feito o procurador não atue, porque estamos a falar de uma força-tarefa, onde as provas são gostosamente compartilhadas, e se há direitos amplos, também os deveres devem ser alargados. Concluindo essa longa migalha, devemos, claro, aplaudir o empenho dos jovens de Curitiba. Mas não de olhos fechados. É preciso ficar atento e corrigir o que deve ser corrigido.