segunda-feira, 6 de maio de 2024

Arquivo do dia 09/04 de 2015

PILULAS

Criticar a presidente da República pela desídia das nomeações obriga que voltemos os olhos para outros problemas, tão ou mais graves. Vejamos. Existem vagas abertas há mais de 200 dias no STJ, e o presidente daquele Tribunal não abre inscrições para formação da lista tríplice a ser enviada à presidente da República, como determina a CF/88. Sobre as vagas, é preciso dizer ainda que todas elas se deram pela compulsória, de modo que não se pode falar em surpresa. Dessa forma, quais interesses existem por trás dessa demora? Veja as vagas e a incrível quantidade de dias de vacância: MinistroDias Sidnei Beneti231 Ari Pargendler206 Gilson Dipp196 Convocação Enquanto o ministro Francisco Falcão, inexplicavelmente, não dá início ao processo de preenchimento das vagas, quatro magistrados convocados atuam como se ministros fossem (Ericson Maranho, Leopoldo de Arruda Raposo, Marga Barth Tessler e Newton Trisotto). Inconstitucionalidade no STJ A convocação de magistrados para vestir a indumentária de ministros do STJ deveria ser algo excepcional e parcimonioso. Aliás, é questionável a constitucionalidade de tal permissibilidade, criada pela própria Corte (RI, art. 56). Ademais, a convocação só se justificaria se algo alheio à Corte impedisse o preenchimento da vaga, como a eventual desídia da presidente da República em nomear ou, como já houve, um caso extraordinário como o imbróglio, que ficou sub judice, referente à vaga da OAB. O que não dá é para justificar a inércia do presidente em não iniciar o processo de formação da lista tríplice e, valendo-se da própria desídia, nomear desembargadores (sem demérito algum dos convocados) para agir como se fossem ministros, coisa que não são, pois não ingressaram naquela Corte da forma como determina o livrinho. Inconstitucionalidade na Lava Jato Falando da inconstitucionalidade da convocação de desembargadores para atuar no STJ, veja-se o seguinte: na 5ª turma, responsável por julgar os casos da Lava Jato, dos cinco ministros que deveriam ali estar, encontram-se dois desembargadores convocados. É possível supor que em diversas assentadas o quórum seja de três ministros, sendo dois deles desembargadores convocados. O primeiro deles é, inclusive, o relator do processo. O outro, coincidentemente oriundo do mesmo Estado do presidente do STJ, foi escolhido quando a turma já estava preventa para julgar este rumoroso caso. Fere-se, com isso, e às escâncaras, o princípio do juiz natural. Isso para não falar que se pode ainda alegar que estamos diante de uma convocação ad hoc.

Há 252 dias o STF e a sociedade aguardam que a presidente da República se digne a indicar um ministro do Supremo. Incúria Há vagas nos TRFs, TRTs, TREs, agências reguladoras, etc., aguardando há meses que a presidente da República se decida. Nunca antes na história do país se viu tamanha falta de habilidade, para não dizer descaso, com as obrigações constitucionais. Matemática A média da presidente Dilma para escolha de ministros do STF é a pior da história recente do país. Se a nomeação se der hoje, coisa que só a Velhinha de Taubaté acredita, Dilma terá demorado em média 169 dias para nomear um ministro. Veja abaixo: Média de dias Dilma169 Lula34 FHC39 Collor49 Sarney87 Depois falam que mineiro é devagar... Uai, sô! Itamar Franco teve oportunidade de nomear apenas um ministro, e o fez em dois dias. Veja os dados completos, com os nomes dos indicados. Cognome A demora da presidente Dilma para escolha do próximo integrante do Supremo tem criado um novo epíteto para o ex-ministro Joaquim Barbosa. De fato, agora ele, que já foi chamado de Batman, é conhecido como "o insubstituível". Na entrada, e na saída A omissão da presidente Dilma Rousseff não se restringe à indicação do 11º integrante do STF. Além de estar, há 252 dias, em débito com a Corte Suprema, com o jurisdicionado e com a sociedade, a chefe do Executivo tem outros quatro números vermelhos em sua conta : 199; 114; 94; e, 13. Estes são os respectivos dias que os desembargadores "aposentados" Nelson Bernardes, Walter do Amaral, Maria Salette Camargo Nascimento e Márcio José de Moraes, do TRF da 3ª região, aguardam que a presidente assine suas aposentadorias. Dilma os deixa num limbo : não são magistrados, e também não podem requerer a carteira da Ordem para advogar. Como se vê, Dilma, além de não preencher as vagas, impede que se abram novas no Judiciário Federal. Ou seja, quando não é na entrada, é na saída.